Luis Roberto Borges da Silva
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Moreno em Caxambú(MG) |
Luis Roberto
"Luis Roberto Borges da Silva nasceu em 9 de setembro de 1947.Foi criado por sua madrinha Nilza de Souza Abreu. Ela estimulou
seu dom musical, pois ouvia as grandes orquestras americanas ( Glen Miller) e mostrou, pra ele, o mundo dos musicais, através
do cinema. Seu interesse rítmico começou com as Big Bands, onde a bateria era valorizada nas divisões , junto aos metais,
com muita dinâmica e beleza.Sua primeira bateria foi-lhe dada por sua madrinha, aos 16 anos. Ele a chamava de "Canga", pois
tinha uma peça de cada marca . Estudava bateria com o melhor professor da época, Sutti ( baterista da orquestra do Maestro
Cipó/ TV Tupy), que muito o elogiava. Mas seus pais não viam com bons olhos a carreira de músico. Pra conseguir uma grana,
foi trabalhar na Caixa Econômica e logo pode comprar uma bateria.
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Seis fases |
Primeiros passos
O tempo foi passando e começaram os chamados para tocar. Seu primeiro trabalho, como músico ,deu-lhe confiança e dinheiro.
Estava com 19 anos quando foi chamado a participar de um show com o MPB4 e o Quarteto em Cy ( Samba do Crioulo Doido, de Sérgio
Porto.) Foi dispensado logo, pois tocava muito alto para um som de MPB.Vieram outros convites e foi, então ,que ele optou
pela música. Começou a estudar teoria, harmonia, violão e continuou suas aulas de bateria.Quando a harmonia entrou em sua
vida, através do piano e violão, começou a compor.Como parceiros,os amigos de rua e do seu colégio Andrews."
Mário e Lourdes
Mário e Lourdes de Sousa Abreu (pais de Nilza ) eram seus pais adotivos. Ele, advogado, que fez com que Luis se interessasse
por direito e prestasse vestibular para a PUC. Estudou até o terceiro ano, quando sofreu um acidente de moto e foi internado
e submetido a uma cirurgia no pulmão esquerdo. Enquanto ficou no hospital, se interessou por medicina, e logo que saiu, inscreveu-se
no Curso Miguel Couto e passou a estudar para o vestibular de Medicina da UFRJ.
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1967 |
Shows
Foi no curso que conheceu Cláudio Araújo. Ele tocava guitarra, e estava armando um grupo, o Faia. E Moreno começou a ensaiar
com Vitor Larica(baixo), Ricardo Mattos (sax e flauta) e Cláudio Araújo.
Nota: em uma festa, final dos anos 60, eu conheci o Luis. Ele estava tocando bateria num canto da sala e era acompanhado
por um baixista e um piano. O som que faziam era muito bom, jazz puro, e eu ,que era compositora e violonista,fiquei ligada.
Conversamos,rapidamente;elogiei sua forma de tocar. Fui embora com meu namorado e passei longo tempo sem ver o Luis. Me envolvi
com o Festival Estudantil da Globo,em 1968, e tive 3 músicas classificadas. O festival foi televisionado e fui reconhecida
por ele enquanto tocava minhas músicas. Ganhei o festival. O que soube, por ele, é que a torcida foi grande, e a vontade de
encontrar comigo também."
Namoro
Viajei para o Festival de San Remo e conheci um brasileiro. Comecei a namorar e nunca mais vi o Luis. Até que o encontrei
na casa de um amigo comum, Paulo César. Lá estavam,também, Geise e minha amiga Denise Rangel. Nesse dia, ficamos tocando violão
e cantando Milton Nascimento. Combinamos ir juntos ao show do Milton com o Som Imaginário, no Teatro Opinião. E foi lá, depois
do show , que comecei a reparar na forma de ser do Luis. Fui pra casa com o número de seu telefone e dei o meu a ele. naquela
mesma noite, ele me ligou ,e conversamos até às 2 da manhã! No dia seguinte eu já não era mais a mesma... Comecei a repensar
o meu namoro, a minha vida, o meu momento e não me surpreendi quando senti vontade de ir vê-lo tocar no teatro da Lagoa. Era
o grupo FAIA, que já começava a fazer shows agendados e TV. Apesar de não gostar de rock, eu fui. Saí do teatro impressionada
com a habilidade e a voz linda do Luis. Fomos jantar e ficamos mais ligados ainda. Parecia que nós nos conhecíamos há muito
tempo! Eu o convidei para gravar uma música minha e do Geraldo Picanço "Estação Orbital", para colocarmos no Festival Universitário
da TV Tupi.Apesar de ter ficado linda, a música não foi classificada.Bem, de resto não foi muito difícil terminar meu namoro.Explicar
ao meu pai e `a minha mãe é que deu trabalho. E mais complicado, foi apresentar o Luis, como meu novo namorado. Era uma figura!
Cabelo "black", óculos modelito John Lennon, jeans desbotado e sandálias de couro cru... Era o visual dos anos 70....Ah, a
bolsa! Não posso deixar de falar da bolsa de couro cru!(rsrs)Meu pai, simplesmente ignorou. Minha mãe, como toda mãe ,fingiu
que aceitava,mas o meu coração me dizia que, finalmente ,eu havia encontrado minha alma gêmea!
Casamento 1972
''Casamos no dia 30 de agosto de 1972. Foi no Festival de Juiz de Fora que Sérgio Magrelo ( Magro ) apareceu. Substituindo
o baixista do Faia ( Victor Larica que ficou doente ) ele encontrou com Luis Roberto ( Moreno ) e juntos, pela primeira vez,
subiram ao palco e tocaram’’ Casa no Campo’’ , uma música de Zé Rodrix e Tavito, que acabou por ganhar
o Festival! Foi o começo... Moreno já tocava com o Faia, no Circo da Lagoa, uma Revista – Musical chamada "Tem Piranha
na Lagoa’’ onde o Faia tocava as músicas de Zé Rodrix , e desmaiava com os streep- teases que as atrizes faziam
! Nesse tempo, o Circo tinha uma programação cultural às segundas, onde um pessoal da pesada se apresentava. Shows com Jards
Macalé, Sérgio Sampaio, Melodia, o próprio Grupo Faia e convidados. Foi depois de alguns encontros em Ipanema, que Sá e Rodrix
começaram a compor. Logo depois veio o Guarabyra e misturando as influências, surgiu o grupo mais querido de rock rural: Sá
, Rodrix & Guarabyra . Lançaram um disco pela Odeon . Foi então que Rodrix , precisando de baterista e baixista, convidou
Luis Roberto e Sérgio Magrelo para a temporada no Teatro Opinião, Durante os ensaios para os shows de Sá, Rodrix & Guarabyras,
surgiram os apelidos (dados pelo Guarabyra ) de Magro e Morenão e eles passaram a assinar Luis Moreno e Sérgio Magrão.. Foi
nessa época que depois de muitas "cantadas" do Hinds, Moreno optou por entrar para O Terço( Raul Seixas não deve ter tido
uma mágica de persuasão , pois foram meses tentando que o Luis tocasse com ele ! ) O fato de estar no Terço e tocar com Sá,
Rodrix & Guarabyra era muito bom ! A grana era legal e dava pra investir no Terço. Hinds e Mêrces ,Moreno e Magro eram O Terço
em 73, Paralelo aos shows de rock rural, O Terço saiu em busca do seu espaço. Shows em escolas, teatros, onde fosse possível,
As primeiras fotos de divulgação foram tiradas por um fotógrafo especial: Guarabyra! Quando Rogério Duprat convocou Sá e Guarabyra
para trabalharem com publicidade na "Pauta Produções Artísticas’’, eles convidaram o Terço . Nessa época, morávamos
em Copacabana, numa coberturinha. Tínhamos um papagaio chamado kuku que Moreno gostava muito e implicava o tempo todo! Por
eu ser professora aqui no Rio, rejeitei de imediato a mudança para S. Paulo. Combinamos de nos encontrar nos finais de semana.
Fiquei aqui e Moreno foi morar com o Sá e Alita na rua Icaraí. No final de 73, chegou o Flávio "Alterosas’’ Venturini.
O teclado que faltava no estúdio e no Sá & Guarabyra. Já havia sido criada a Vice-Versa, com um estúdio de 16 canais e coisa
e tal!! Marcos Vinícius era o técnico de som, e foi entre um jingle e outro que Mercês resolveu investir em seu potencial
de compositor ( gravando com Roberto Carlos )e voltou para o Rio de Janeiro. Então começava a surgir a formação Hinds, Magro,
Venturini e Moreno. Entre uma trilha, um criação, eles se juntavam para criar. 1974 foi o grande ano da fusão de sons, idéias
de sonoridades , composições, e a gravação do disco (nos intervalos dos jingles) incentivado por Duprat e o povo..."
Moreno e Luanda
''No Rio, eu acabava de receber o resultado do meu teste de gravidez: positivo! Pedi exoneração do cargo de professora e parti
para S.Paulo. Moreno escolheu uma casa na rua do Níquel , perto do Rogério Duprat, e Solange e Sérgio Hinds dividiam conosco
a casa. Só voltei ao Rio pra ter nossa filha, Luanda (que eu queria que fosse carioca!)"
Nota
Os textos daqui foram extraídos do livro ''Eu e O Terço'', de Irinéa Maria Ribeiro.(I.M.R.)
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